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Salmos Imprecatórios e a ira cristã


O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no sangue do ímpio. 
Então dirá o homem: Deveras há uma recompensa para o justo; deveras há um Deus que julga na terra.

Salmos 58.10,11


Quem nunca se sentiu desconfortável com a leitura de trechos como estes nas Escrituras? Estes trechos geralmente são encontrados nos chamados salmos imprecatórios. Estes  são salmos que expressam de maneira dura, realista e viva, os  sentimentos de ira dos salmistas contra os ímpios.  As palavras destes versos são  fortes e agressivas, e por isso, elas  confrontam diretamente nossa   sensibilidade cristã.  Essa é uma boa linguagem? Deveríamos nós orar assim? 

Para fazermos uma apreciação justa deste tipo de salmo precisamos entender que a realidade vivida pelos salmistas que compunham estas imprecações era bem diferente da nossa. Eles não haviam ainda sido ensinados pelas palavras de Jesus e nem ensinados pelo Apóstolo Paulo  sobre o amor universal de Deus pelos seres humanos.  Para estes poetas, o povo israelita era o povo escolhido por Deus, a nação em que habitava Sua Glória. Os inimigos do povo hebreu eram inimigos do Senhor, e deveriam ser aniquilados pela justiça divina. Esse era o sentimento latente destes salmos.

As imprecações  eram  um  veículo literário de vibração fogosa da alma semita, fortemente imaginativa e realista, que mostravam  o ímpeto de uma alma que está fervendo de ódio contra o mal. Um ódio justo, que reflete um coração preocupado com a pureza e a santidade do povo de Deus.   

Além disto os salmitas não estava desejando a morte pela morte, nem a destruição daqueles que simplesmente não haviam nascido hebreus,  na verdade eles ansiavam pela justiça do Senhor sobre os ímpios, sobre os maus que maltratavam os justos. Não era o caso de estarem desejando a ira pela ira e a morte pela morte. Era uma retribuição moral que os salmistas desejavam.

Através dos salmos imprecatórios percebemos a ferocidade da ira divina sobre os cruéis, os devassos, sobre os malignos, sobre os que assolam os justos. Deus usou seus salmistas para expressarem o ódio que Ele mesmo sentia contra a injustiça.

O ódio contra os malignos compreende-se atendendo a que eles não eram simples inimigos pessoais, mas gente que punha em perigo a fidelidade à Lei do Senhor, tentadores, encarnação das potências do mal, gente que com as suas maquinações tentavam afastar o justo da prática religiosa. Eram muitas vezes seres repulsivos que adoravam ídolos e ,não raro, queimavam seus próprios filhos em altares para suas práticas rituais. 

 Fazendo uma aplicação prática para os dias de hoje, obviamente à luz das palavras de Jesus 

 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; (Mateus  5.44)

Os Salmos Imprecatórios são um conjunto de salmos que contêm imprecações, ou seja, maldições ou votos de vingança contra os inimigos de Deus e do povo de Deus. Esses salmos são frequentemente citados como exemplo da "ira de Deus" e podem ser interpretados como expressões de justiça divina contra aqueles que se opõem a Deus.

Estes  salmos devem ser lidos e compreendidos dentro de seu contexto histórico e cultural, e   sua mensagem deve ser interpretada à luz do amor e da misericórdia de Deus. Assim também percebemos como esses salmos são uma expressão legítima da ira divina e que, em certas circunstâncias, é apropriado orar por justiça e julgamento.  

Naturalmente, não devemos supor que estas orações devam ser  usadas diretamente contra pessoas hoje em dia. Jesus nos ensinou a amar nossos inimigos. A moral cristã é bem exigente com relação a isso. Não encontramos porém contradição entre os salmos imprecatórios e os ensinos de Cristo, visto que  estas passagens do Antigo Testamento queriam nos ensinar sobre a ira de Deus que repousa sobre as injustiças e maldades que os homens cometem, além de nos mostrarem como a impiedade comove e inquieta o verdadeiro filho de Deus. 

 

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”. Mateus 5.6

O coração do cristão hoje, deve estar impregnado de ira justa contra toda injustiça, falsidade, blasfêmia e imoralidade que reine neste mundo em que jaz o maligno, nosso adversário. Nossas orações podem, e devem, transbordar destes sentimentos na presença de Deus. Porém isso não é uma licença para  expandirmos francamente nossa ira, pelo contrário , devemos proceder como está escrito: “Minha é a vingança! Eu retribuirei”, declarou o Senhor. (Romanos 12.19).


Alguns salmos imprecatórios
Salmo 6  -   Salmo 7  -  Salmo 35  -   Salmo 40   -   Salmo 55  -  Salmo 58   -  Salmo 59  -    Salmo 69  - 

   Salmo 79  -  Salmo 109       

Publicado em  22 de dez. de 2015

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