Paulo
em Romanos 6 começa a expor a doutrina da santificação. Se somos
justificados por meio da fé pelo manifestar da graça salvadora de Deus em
Cristo Jesus também a Santificação que é processo posterior à justificação se
dá através de Cristo pela graça. É a santificação pela graça que ele desenvolve
no capítulo 6 de Romanos.
Tanto na língua grega, como na hebraica, e até mesmo no português a palavra “santo” significa “puro” e “separado para Deus”.
É sobre
o que trata este texto, sobre o caráter totalmente divino da santificação que
ocorre na vida do verdadeiro salvo.
Vamos à
exposição:
1 - Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça?
Alguns
estavam dizendo que a doutrina da salvação pela graça torna as pessoas
despreocupadas com relação a prática do pecado. Paulo responde a esta
acusação com esta pergunta retórica em que a resposta é obviamente
negativa.
2 - De modo
nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?
A Morte
de Jesus significa a nossa morte para o pecado. Não estamos mais presos à
escravidão do medo da morte e da condenação.
3 - Ou,
porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte?
4 - Fomos,
pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida.
Quando
o crente recebe o batismo da fé ele simbolicamente está morrendo com Cristo na
Cruz para o pecado, ele está assumindo que precisa do sacrifício de Jesus para
que ele seja livre. O poder da liberdade está no fato de que Cristo ressuscitou
e nós também, ao sermos batizados , ressurgimos para uma nova vida. Esta vida
aguarda a transformação final que ocorrerá no arrebatamento , ou , se
estivermos mortos quando Cristo voltar, a ressurreição para glória. Nosso
viver agora deve ser Santo, separado para Deus, isto é novidade de vida.
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- Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua
morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição;
O corpo
ressurreto de Jesus era incorruptível, não estava sujeito à dor, doenças e aos
sofrimentos do homem comum, era um corpo glorificado. Da mesma forma, o cristão
terá um corpo glorificado, não sujeito á dor e ao sofrimento , nem mesmo ao
pecado.
6
- sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com
ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao
pecado.
Paulo
retoma ao tema da santificação, ele explica que o verdadeiro salvo deve
submeter sua vontade ao desígnio divino e não voltar à escravidão do pecado
7 - Pois
quem está morto está justificado do pecado.
O
importante tema da justificação, tratado mais detalhadamente no capítulo 5
é relembrado aqui. O velho homem era pecador e merecia a morte. Sua
punição foi executada em Cristo que morreu pelos pecadores, o justo pelos
injustos.
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- Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos,
9 - sabendo
que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não
mais tem domínio sobre ele.
Do
mesmo modo que morremos com Cristo e somos justificados, e do mesmo modo que
ele ressuscitou, nós também o seremos. E mais, ,agora a morte já não tem
domínio sobre nós e podemos agora viver , como por antecipação a vida santa que
ele preparou para nós.
10 - Pois
quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver,
vive para Deus.
11 - Assim
também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em
Cristo Jesus.
Esta
vida santa é uma vida separada para Deus, já que nós somos nascidos novamente,
agora filhos de Deus. Por meio de Jesus podemos assumir esta nova identidade.
12 - Não
reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas
concupiscências;
13 - nem
tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de
iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça.
Paulo
está sendo bem enfático sobre a malignidade do pecado e sobre o
dever que o crente tem de refrear sua natureza pecaminosa em favor de uma vida
reta na presença de Deus. A justificação pela fé não significa licença para
pecar. Devemos oferecer nossos membros para a prática da justiça.
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- Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
Quando
debaixo da lei não havia recurso contra o pecado, por mais que a pessoa se
esforçasse ela continuaria sendo pecadora, irremediavelmente. Ela poderia
facilmente desistir de buscar a santidade , dado que a lei só apontava a
transgressão e não oferecia satisfação perfeita para que o ofensor
fosse transformado. Agora sob a graça podemos viver livres do medo da
condenação , Cristo já nos proporcionou resgate dos pecados cometidos, somos
livres para obedecer e para buscar a santificação.
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- Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da
lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.
Paulo
está expondo uma objeção comum que os detratores da justificação pela fé haviam
levantado: Se não há mais condenação para os pecadores que crêem então havemos
de pecar livremente?
16 -
Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos
para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado
para a morte, ou da obediência para a justiça?
De modo
algum, responde o apóstolo, nós não somos servos do pecado, mas servos da
justiça, não uma justiça que provém de nós mesmos, mas uma justiça que procede
de Cristo.
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- Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;
18
- e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça.
É
reconfortante saber que os salvos em Jesus possuem nova vida e agora
já estão livres para não transgredir, assim como eram escravos do pecado para
pecar. Não existe neutralidade , ou se serve à justiça divina para viver ou
se serve ao pecado para morte.
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- Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim
como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da
justiça para santificação.
A
santificação é o próximo passo após a justificação. A justificação é alcançada
pela fé em Deus e a santificação é pela graça divina manifesta em obras. Ou
seja, Deus opera em nós para que possamos produzir obras justas e
dignas de cidadãos do céus, e esse processo se chama santificação.
20
- Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em
relação à justiça.
Não há
cobrança de santificação para os que estão perdidos. Esta cobrança para que nos
afastemos da iniquidade é para os que estão justificados e buscam cada dia a
santificação.
21 - E que
fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas
é a morte.
22 - Mas
agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna.
Existem
dois tipos de frutos o fruto da morte para os que vivem no pecado e o fruto da
vida para os que buscam a santificação. O Pecador não regenerado e
não justificado permanece na morte , mas o pecador remido que procura agradar a
Deus evitando o pecado tem o fruto de vida eterna.
23 - Porque
o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus nosso Senhor.
O
grande apóstolo dos gentios não deixa de enfatizar a gratuidade do dom da Vida
Eterna. O perdido peca e recebe o seu
justo salário que é a condenação eterna, mas o salvo em Cristo recebe o dom da Vida
Eterna gratuitamente por meio da fé.
A Santificação é um processo contínuo e constante de afastamento do pecado a que se submete o salvo em Cristo. É um processo difícil, que exige que tenhamos perseverança, dedicação e muita graça divina. Não é um mero legalismo, cumprimento de regras e preceitos, mas uma transformação gradual que os servos de Deus experimentam em sua peregrinação aqui na terra. E este processo depende da infusão mística da graça divina que faz com que os salvos suportem as durezas da avida por amor a seu Senhor e Salvador. De fato, plenamente santos só após o arrebatamento, quando nosso corpo for glorificado à semelhança de Cristo.
Exposição baseada em sermão ministrado em 30 de janeiro de 2016, sábado na Congregação da Assembleia de Deus do Bairro Tupinambá em Cachoeira do Sul.
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