Aos 30 anos um homem faz muitas
escolhas importantes na vida. Ao menos ele deve ser capaz disto.
Aos 30 anos Agostinho se
converte ao Cristianismo, deixando de lado todo seu racionalismo científico ,
seus ideais de abstrações filosóficas, suas ambições de oratória e de riqueza material. Ele também passou por
uma fase esotérica e mística antes dos seus 30 anos , quando esteve entre os
maniqueus, uma seita que pregava um dualismo quase platônico.
Jesus também começou seu prodigioso ministério por volta dos 30 anos.
Os Sacerdotes e os Levitas entravam para o
ministério das coisas sagradas aos 30 anos de idade, lemos em Nm 4: 3, 23 e 30. José foi
nomeado governador do Egito com 30 anos, lemos em Gn 41: 46. Tinha Davi 30 anos quando
começou a reinar, como percebemos em 2 Sm 5: 4.
A Torá explica que é aos 30
anos a pessoa se torna mais humilde e com
um coração quebrantado, e aprende a "orar com a alma” Segundo a tradição judaica, 30 anos
de idade é um estágio mínimo de maturação física , mental e emocional,
quando certas realidades da vida já firmemente representam a vida da pessoa, ela já tem capacidade para tomar decisões
importantes.
Agora em Julho, próximo de
completar meus 30 anos, no dia 28 deste mês, assumi minha posição reformada de
entender a teologia. Não foi uma virada como a de Agostinho, que mudou de
perdido para salvo, descrente para crente, nem muito menos como a de Cristo que
começou seu prodigioso ministério terreno, mas foi uma virada teológica
fundamental, que mudou o rumo de minha vida espiritual.
Há muito tempo, desde que
comecei a estudar o debate entre arminianismo e calvinismo, no começo de minha
faculdade de teologia, que venho enfrentando esta crise. O modo pentecostal e
arminiano de enxergar a atividade divina, sua Providência e sua Soberania não me deixavam satisfeito.
Me debatia com a ideia que um Deus soberano deixasse a escolha de salvação e a
manutenção da mesma inteiramente sob a responsabilidade humana. Isso é bastante
complicado, sendo que a possibilidade de que, de alguma forma eu pudesse
morrer sem ter tempo de pedir perdão a Deus ou ainda pedir perdão ao meu
próximo por alguma ofensa cometida poderia me jogar no inferno. O temor da
condenação ainda repousava sobre mim. Como teria segurança de evitar 100 por
cento pecar para que não tivesse medo de ser condenado a qualquer instante,
seja por uma morte repentina ou pelo retorno de Cristo que é iminente?
Depois de entender plenamente a
posição reformada, a eleição incondicional, a graça irresistível, a segurança
dos eleitos e a redenção particular (ou limitada, um termo que evito por
parecer ser ambíguo) eu assumi esta forma de acreditar. Estive mais seguro e
mais convicto da minha salvação eterna.
Mas a virada reformada ainda
não estava completa. Foi muito difícil deixar a minha congregação da Assembléia
de Deus, meus irmãos pentecostais que eu tanto amo. Eu ali me converti, aceitei
a Cristo, tornei-me Diácono, Presbítero e Evangelista. Uma carreira ministerial
se encaminhara. Também me debati com o fato
de que o arminianismo puro e
também o pentecostalismo clássico não eram heresias em essência, não condenando
ninguém a perdição , sendo considerados erros teológicos. A saída se mostrava
inevitável , mas difícil, por que não convivia com pregações que condiziam com
minha fé reformada.
Mas um dia a minha saída definitiva ocorreu e minha virada se tornou completa. Eu orava por conforto e por direção.
Era um dia de culto na Congregação que frequentava, eu estava atrasado, fui tomar um banho e logo fiquei a meditar no que estava fazendo. No caso, eu estava indo a contragosto à Igreja, com o objetivo de manter uma aparência de contentamento, para que os outros não percebessem que estava contrariado com a doutrina ensinada. Minha consciência estava ferida e apelava ao coração.
Era um dia de culto na Congregação que frequentava, eu estava atrasado, fui tomar um banho e logo fiquei a meditar no que estava fazendo. No caso, eu estava indo a contragosto à Igreja, com o objetivo de manter uma aparência de contentamento, para que os outros não percebessem que estava contrariado com a doutrina ensinada. Minha consciência estava ferida e apelava ao coração.
Foi
então que resolvi atender ao clamor da consciência e não fui no culto neste
dia. Logo depois , orando a respeito, resolvi visitar a Igreja Presbiteriana
de nossa cidade, a única de orientação reformada. Foi neste momento que houve minha virada reformada.
Ali visitando entendi que
ali seria um bom lugar para exercer minha fé. Solicitei meu desligamento da
Assembleia de Deus e me transferi para a Igreja Presbiteriana.
Na verdade Deus me escolheu para ser reformado, Ele que
me separou dentre os arminianos. Eu não posso resistir à sua Graça e submeti-me
ao seu amor inexplicável.
Mas com a orientação divina estou congregando em uma das Igreja Presbiteriana do Brasil, com muita segurança e
sinceridade. Foi uma Virada Reformada.
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