A palavra “expiação”, na aplicação bíblica, significa cobertura de
pecados. O vocábulo expiação aparece com frequência nos
livros de Levítico e Números, mas é retomado com mais profundidade e com
clareza no Novo Testamento, especialmente no livro de
Hebreus.
Para que houvesse expiação era necessário
sacrifício. Sem sacrifício o pecado ficava descoberto e o homem sujeito à justa ira divina. No Antigo Testamento, o
animal era oferecido em lugar do homem pecador. O sangue era derramado no altar, diante de Deus como o símbolo da vida que estava sendo
entregue pela transgressão. O animal ofertado era
aceito, pela misericórdia de Deus como uma "cobertura" para o
pecado, para que a ira do Altíssimo se afastasse do homem. Essa era a expiação, desta forma eram reconciliados com Deus os
transgressores – pela eliminação do pecado, que faz
separação entre Deus e os pecadores.
Levítico 16.1-34 descreve o Dia da
Expiação. O Dia da Expiação, no AT, era um jejum
anual, quando o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos para fazer expiação
pelos pecados do povo. Ali o sumo sacerdote fazia a
expiação pelo povo inteiro. A expiação era parcial e precisava ser repetida
anualmente.
O sangue de Jesus faz a expiação
completa, perfeita e eterna para os cristãos. Ele pagou
nossa dívida do pecado e satisfez a justiça divina.
Vejamos alguns versículos, comentados, que nos facilitarão a compreensão.
Sete dias farás expiação pelo altar,
e o santificarás; e o altar será santíssimo; tudo o que tocar o altar será
santo. Êxodo 29.37
Não eram somente as pessoas que
precisavam ser purificadas. Deus também ordenou a santificação do tabernáculo,
mais tarde do Templo e de determinados utensílios específicos utilizados para
os sacrifícios. Neste caso o altar deveria ser separado para o uso santo, por isso
passava por um processo de purificação (que incluía o ritual de expiação) que durava sete dias.
E uma vez no ano Arão fará expiação
sobre as suas pontas com o sangue do sacrifício das expiações; uma vez no ano
fará expiação sobre ele pelas vossas gerações; santíssimo é ao Senhor. Êxodo
30.10
O altar era um dos lugares mais santos
do Tabernáculo, ele deveria ser santificado pelo processo de
expiação todos os anos para que nele fossem
feitas as ofertas de sangue pelo pecado do povo.
E disse Moisés a Arão. Chega-te ao
altar, e faze a tua expiação de pecado e o teu holocausto; e faze expiação por
ti e pelo povo; depois faze a oferta do povo, e faze expiação por eles, como
ordenou o Senhor. Levítico 9.7
O primeiro que deveria ser santificado
era o Sumo Sacerdote para que após isso pudesse se achegar a Deus e oferecer o
sacrifício pelo restante do povo. Arão deveria primeiro, ter seus pecados
perdoados, expiados pelo sangue da vítima a ser ofertada. O
ritual era cansativo e desgastante e os filhos de Arão deveriam ajudar nos
preparativos.
E Arão fará chegar o novilho da
expiação, que será por ele, e fará expiação por si e pela sua casa; e degolará
o novilho da sua expiação. Levítico 16.11
Arão deveria também realizar a expiação
dos pecados da sua família primeiramente, para que seus filhos e netos também
pudessem participar dos sacrifícios de expiação pelo povo. Note que Deus exigia
uma organização bem controlada dos rituais de
expiação.
Porque a vida da carne está no
sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas
vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma. Levítico 17.11
Aqui Deus está explicando a importância
fundamental do sangue nos sacrifícios. Nos dias em que eles ocorriam, o sangue
era visto em abundância, ele era espalhado por lugares específicos para que tais
locais pudessem ser tratados como santos. Sem sangue derramado não poderia
haver perdão, pois o pecado era castigado com a morte, e o sangue simbolizava a
morte da vítima. Deus exigia o sangue para a satisfação de sua justa ira
contra o pecado.
E naquele mesmo dia nenhum trabalho
fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o
Senhor vosso Deus. Levítico 23.28
Deus desejava solenidade absoluta para
o Dia do Perdão. O povo deveria estar concentrado unicamente no serviço sagrado
e nas ofertas que deveriam ocorrer no Tabernáculo (e mais tarde no Templo). O
Dia do Perdão era o dia da expiação geral feita uma
vez ao ano por Israel.
E o sacerdote fará expiação pela
pessoa que pecou, quando pecar por ignorância, perante o Senhor, fazendo
expiação por ela, e lhe será perdoado. Números 15.28
A santidade perfeita do Senhor exigia
que até mesmo os pecados realizados por
ignorância da lei deveriam ser castigados. Desta forma o
sacerdote precisava oferecer também um sacrifício para expiar o pecado cometido
por alguém por desconhecimento.
Embora não tenhamos o vocábulo
presente a ideia de expiação está
bem presente no Novo Testamento. Leiamos o texto de
Hebreus.
Porque, se o sangue dos touros e
bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica,
quanto à purificação da carne,
Quanto mais o sangue de Cristo, que
pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as
vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
E por isso é Mediador de um novo
testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança
eterna.
Hebreus 9.13-15
A Expiação plena, cabal e perfeita foi
feita pelo sangue de Jesus e agora somos afastados definitivamente da ira
divina. Cobertos pelo sangue de Cristo.
Sabemos que a iniquidade é uma afronta
à santidade do Senhor e Ele tem de reagir com santa indignação. Deus reage, exige o castigo, a punição. Quem seria puro o suficiente para oferecer e quem teria a vítima perfeita para que fosse ofertada? Uma vítima que pudesse ser humana mas sem pecado?
Este é o princípio
que explica o sacrifício de Cristo, o Filho de Deus. O único que, vivendo em carne, como homem, em vida satisfez plenamente a justiça do Senhor, sem pecado, imaculado. Ele ofereceu a si mesmo
como expiação por nossos pecados, suportando a ira divina em nosso favor.
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