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Crise de fé, desequilíbrio e maturidade espiritual.Hebreus 11.6

Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.  Hebreus 11.6



   
Com uma religiosidade fria, calculada e formal ninguém pode se aproximar de Deus, não é possível conhecê-lo assim. Um homem pode ser religioso e não conhecer ao Senhor, pois rituais e solenidades são insuficientes para preencherem o vazio existencial do ser humano e também insuficientes para agradar a Deus.

Nem vamos considerar o ateus. A pessoa  que opta pelo ateísmo preenche seu vazio de sentido com vícios e prazeres mundanos. Há alguns que escolhem o ateísmo prático  ao decidirem não se envolver com a religião, nem com Deus, mesmo considerando que a divindade porventura possa existir. Estes, nada mais precisam do que uma cama, entretenimento e um bom e farto prato de comida, eis aí o sentido da existência.

Assim como o ateu, o  religioso  é  perfeitamente normal, comum. Em sua vida  não há desequilíbrio, não há nenhuma instabilidade, não há conflito. Nenhum dos dois reflete sua existência, nenhum tem conflitos espirituais, o religioso resolve com rituais e cerimonias seu anseio religioso, anseio que, por sua vez, o ateu nem possui.

Mas isso não basta ao homem cuja ânsia pela eternidade faz com que mire muito mais alto. Este quer encontrar o sentido da vida na fé.

Mas, para que ele tenha vida espiritual é preciso libertá-lo da falsa fé que se apresenta como religião, eis um contrassenso, uma antítese.

Para ter uma relação verdadeira com Deus é preciso que o religioso enfrente um conflito que  abale suas estruturas e lhe revire o pensamento. Uma crise que lhe retire a fé, que lhe desequilibre. Ele precisa encarar a dúvida. 
  
Eis a dúvida portanto. A dúvida é um problema sério. Ela invariavelmente ataca  quando é menos esperada e  mina  toda  confiança e  coragem. Então o religioso desaba. Sem fé não há comunhão  com Deus, pois, como diz o autor de Hebreus," sem fé é impossível agradar a Deus". Sem fé  a vida espiritual começa a ruir e, quando falha a fé, surge a crise espiritual. A dúvida coloca a mente em batalha, de um lado ela quer crer, do outro não crê mais, perdeu a convicção e já não sabe o que fazer. Perdeu o equilíbrio e a estabilidade.

Esta crise pode derrubá-lo, machucá-lo e finalmente destruí-lo, mas também pode torná-lo mais forte se ele conseguir superá-la. Para superá-la é preciso compreendê-la e não se intimidar com a tarefa de encarar de frente as incertezas que surgirem. 
Algumas perguntas que surgem são:

Qual o sentido da vida?

Minha fé é autêntica, tem bases?

Será que eu creio realmente?

Em que consiste minha fé?

Quem é o Deus em que creio? Como ele é?

O que crer em Cristo altera a minha vida diária, na prática?

Estas são perguntas legítimas, essenciais que devem ser respondidas. Estas são questões que chegam para rasgar a fé, destruí-la e apagá-la. Ao surgimento destas perguntas damos o nome de crise de fé. A dúvida é uma batalha pela sua mente, quem será o Senhor dela? Deus, você ou o Diabo?




Antes da Crise não há fé.

Na verdade, a fé verdadeira ainda nem existe, ainda precisa nascer e florescer. A "fé" que estas perguntas destroem é a imatura, a superficial, a  fé  ignorante. Notamos apenas uma fraca noção de sentimento religioso na pessoa, nada mais. Em suma, existem somente crenças superficiais que encobrem o problema existencial do homem, sem resolvê-lo. Conclui-se fé que está prestes a morrer é uma fé irrelevante. Vamos denominar o sentimento religioso de fé superficial.

É possível ter anos como frequentador de Igreja e não ter uma fé pessoal  verdadeira em Deus, apenas uma religiosidade mecânica. Quem nunca fez estas perguntas a si mesmo  deverá passar por um momento na vida em que as fará, pois sem passar por estas perguntas nunca será um crente maduro, com uma fé autêntica. Só terá uma fé superficial.



Há muitos que tentam negar a dúvida, por sobre ela uma pedra e tentar esquecê-la, como se ela fosse desaparecer sem o devido tratamento.  Essa não é uma boa alternativa, pois a dúvida nunca deve ser negada, escondida ou mal resolvida, fazer isso é apenas adiar a crise e torná-la substancialmente mais forte quando vier.





A Crise precede a maturidade

Sem crise não há questionamentos, não há crescimento. Só se procura aprender o que temos consciência de que não sabemos. Questionamos por isso corremos atrás de respostas.

Sem questionamentos não há  como libertar-se da religiosidade que, na verdade mais nos afasta de Deus do que nos aproxima como poderia parecer.

A pessoa que vive na religiosidade mecânica está longe da verdade e seu destino é  a negação final da verdade revelada.

Uma religião mecânica não salva, é movida pelo sentimento de conformidade  de hábitos por isso é fraca e inútil para comunicar vida ao homem. Um homem que nunca se questionou é um homem que nunca refletiu sobre o sentido da vida, apenas vive a ilusão que os rituais podem dar sentido a sua vida. É fruto de uma  fé superficial.

O processo natural do religioso é entrar em crise, pois uma hora ou outra precisará confrontar as suas crenças e afirmar sua identidade em relação com o mundo que o cerca.

Com os questionamentos e as perguntas podem vir a desilusão e o abandono da religião, mas  nem sempre, também é  pela estrada da reflexão e do questionamento que vem a construção de uma fé inabalável.

O Reformador Calvino afirma nas Institutas da religião Cristã:

 “A soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos.” 

A partir da reflexão sobre a necessidade de conhecer a Deus chegamos à conclusão de que necessitamos conhecer primeiro a conhecer a nós mesmos. Só examinando nosso coração, nossas fragilidades, necessidades, anseios e dúvidas com honestidade podemos almejar então conhecer a Deus. Sem a contemplação de suas misérias e pecados nunca se poderá conhecer a Deus.

Negar a crise é negar que há em si mesmo fragilidade. Não que isso seja possível.

A crise de fé atira a pessoa em si mesmo, ela bate de frente com sua malignidade, com sua fraqueza, com sua necessidade e pobreza. Ela olha para si mesmo e vê um imundo e miserável pecador que precisa urgentemente da graça e do perdão divino. Enquanto ele não reconhecer-se vazio e inútil ele não pode ter comunhão com o Criador. Volta-se então o pecador para si mesmo e encontra-se perdido, cheio de  flagelos e males. E então, pela atuação da graça ele agora pode ver um raio de esperança na boníssima vontade de Deus que lhe proporciona salvação em Cristo. Mais do que uma mera compreensão intelectual, a verdade da graça salvadora transpassa-lhe o coração amolecido pela consideração de seu estado miserável. Pronto, eis então a legítima fé, resultado da crise. Eis a fé autêntica.

Qual o sentido da vida?

Minha fé é autêntica, tem bases?

Será que eu creio realmente?

Em que consiste minha fé?

Quem é o Deus em que creio? Como ele é?

O que crer em Cristo altera a minha vida diária, na prática?

Agora o homem deve trabalhar com suas indagações até resolvê-las, pois já tem sua mente apta para isso. O Espírito de Deus o ajudará na tarefa.

Na superação da crise e do desequilíbrio percebe-se o crescimento e maturidade  dos que  estão no caminho da vida eterna. Percebemos então uma fé autêntica.



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