Uma racionalidade serva. Salmo 119.125

 Sou teu servo; dá-me inteligência, para entender os teus mandamentos. Salmo 119.125

 Fé e fideísmo não são a mesma coisa, embora alguns pensem que sejam.

Somos seres inteligentes,  fomos  criados e moldados por Deus para oferecer um louvor genuíno e racional. Paulo na sua carta aos Romanos nos fala que devemos ter uma mente transformada para poder oferecer ao Senhor o nosso culto racional. (Rm 12.1,2)

O que é portanto, razão?
Razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega lógos.  Elas significam pensar e falar  de modo claro e preciso.
Podemos dizer que razão é uma atividade intelectual de conhecimento, em que ordenamos a realidade com clareza e rigor de pensamentos e  palavras. Racional é tudo que se apresenta coerente  e compreensivelmente  para a mente humana. 
Irracional é tudo que não é nem claro, nem ordenado e nem faz sentido.

   

Não fomos chamados para crer e abandonar nossa racionalidade. Não fomos chamados para a algo como "ignorância cristã",  não estamos numa religião que prega  que nosso cérebro não deve ser treinado para coisas espirituais. Abandonar a inteligência não é uma exigência do verdadeiro cristianismo. A ignorância anda, quase sempre, de mãos dadas com a negligência. Negligência é pecado. Como diz Robert Browning, poeta e dramaturgo inglês:

A ignorância não é inocência, mas pecado.

Fideísmo é uma doutrina filosófica que atribui, com vista ao conhecimento de algumas verdades, maior importância à fé do que à razão, é uma forma religiosa que exclui nossa capacidade básica de compreensão do mundo, nossa inteligência. O Fideísta ensina que fé e razão caminham em lados opostos da rua e, ao se cruzarem, nem ao menos se cumprimentam, são inimigos.

 

O fideísmo mata a verdadeira espiritualidade, a genuína experiência cristã, pois o meio pelo qual Deus nos revelou a si mesmo foi através da Bíblia Sagrada, e ela exige que tenhamos conhecimento e intelecto para compreender o que está escrito. A irracionalidade é característica do paganismo, da idolatria e não do cristianismo. 
Deus nos deu olhos para ver, ouvidos para ouvir e uma inteligência para compreender o que nos chega aos sentidos, negar a importância da razão é  negar que possamos conhecer a Deus. Se negamos o uso da razão negamos a necessidade da compreensão da Bíblia, do estudo sério das Escrituras. Somos levados para uma espécie de "névoa espiritual".

Quem é fideísta fica preso e refém de revelação. Mas se com a mente ele não pode entender essa revelação como ele ficaria certo de que o que está recebendo é verdadeiro e faz sentido?

  

O verdadeiro cristão deve amar o conhecimento de Deus, mais do que tudo, ele deve devotar a vida a esse conhecimento. Sua razão deve estar prostrada humildemente diante das Sagradas Escrituras e dela aprender, submisso, tudo o que lhe for dado a entender pela graça do Espírito Santo. O salmista estava orando a Deus pois desejava inteligência, assim como todo bom cristão, uma inteligência que viesse dos céus, direto do trono divino.  Existe a  necessidade de cultivarmos, individualmente e em conjunto, uma apresentação pertinente e relevante da fé cristã. Devemos dar exemplos práticos do que Jesus nos ensinou para que o mundo possa testificar que há luz divina em nós. Ora uma mente ignorante e desconhecedora de tudo não traz luz nenhuma ao mundo, não glorifica a Deus, pelo contrário, dá escândalo e traz vergonha ao Evangelho de Cristo. O cultivo da sabedoria divina, ensinada nas Escrituras, é fundamental para o correto testemunho cristão.

A iluminação para compreender o mundo espiritual e tudo que nos cerca vem do Espírito Santo, pois sem ele nada entenderíamos das coisas espirituais. O homem natural tem a inteligência embotada pelo pecado e não pode compreender as coisas elevadas que dizem respeito a Deus. Ele precisa de uma inteligência resgatada, limpa e purificada pelo Espírito de Deus.

Nossa oração deve ser para que o Senhor nos leve a compreender perfeitamente sua vontade revelada, que ele nos dê inteligência para isso, e para que possamos também compartilhar e ensinar tudo aquilo que aprendemos. Usando sempre a razão para glorificar a Deus. Sempre fazendo o uso de uma racionalidade serva.